sexta-feira, 6 de maio de 2011

Todos os acidentes podem ser evitados? Um convite à reflexão

Todos os acidentes podem ser evitados? Um convite à reflexão

Psic. Odilon Cunha Jr. -
Risco Zero e Acidentes Zero. Estes são nomes de campanhas e ações tradicionais que vemos com freqüência nas empresas que têm como intuito diminuir acidentes do trabalho. Este artigo tem como objetivo o início de uma reflexão sobre estas ações e seus impactos.

Em inúmeros casos, após o acidente ocorrer, as pessoas chegam à conclusão que: SE alguém tivesse identificado, executado, retirado, melhorado, prestado atenção esta ocorrência não aconteceria. Logo poderia ter sido evitada. Isto lembra aquelas discussões ao final de um jogo de futebol, principalmente quando o seu time perde.

Risco e Acidente Zero = controle TOTAL sobre máquinas, equipamentos, ferramentas, processos e pessoas.

A idéia parece perfeita, pois sem risco não há como ocorrer acidentes. Mas é neste momento que começa a nossa reflexão.

Logo que iniciei os trabalhos na COMPORTAMENTO aprendi em um curso que todas as atividades têm riscos. Esta explicação foi dada por um renomado Engenheiro de Segurança que, com uma didática excelente, oportunizou o entendimento de conceitos importantes e confusos para a atuação em Segurança no Trabalho: Perigo e Risco. Lembro claramente do exemplo: “quando o ser humano está exposto/utilizando algo que pode o machucar (perigos) há necessariamente risco nesta atividade”. A OHSAS contribui trazendo como conceito que quando não conseguimos eliminar as fontes que podem lesionar o homem, temos que buscar substituí-las. Caso não haja possibilidade, criar dispositivos, sinalizar, treinar e fornecer equipamentos de proteção para o trabalhador. Sendo assim, sempre há um espaço para o acidente, pois tecnicamente, há risco nas atividades. Aí nasceu minha primeira dúvida: como posso afirmar que todos os acidentes podem ser evitados, se tenho o risco presente/aceitável em todas as atividades?

A resposta foi clara e sonora da turma: sensibilizando as pessoas sobre a importância de trabalhar com segurança; treinando as pessoas com procedimentos claros e precisos para conscientizá-las sobre o jeito certo de fazer a atividade. Bom, com isso caiu justamente em uma área que estudo, atuo e aprecio muito – o comportamento humano.

Vamos levar em consideração que todos os procedimentos de uma empresa são claros e precisos e que também todos os treinamentos sejam pautados pelos mais requintados padrões andragógicos – educação com foco nos adultos. Aí nasceu a próxima dúvida: isso é possível?

Agora vamos para um outro cenário: imagine uma empresa/área com um excelente gerenciamento de riscos e com altos padrões de treinamentos e processos. Minha terceira dúvida explodiu: é possível chegarmos ao ponto em que o ser humano elimine a possibilidade de sofrer acidentes mesmo com este cenário favorável?

Se respondermos estas questões com “sim”, realmente acreditamos que o acidente zero é possível. Outras dúvidas: por quanto tempo? Que impactos esta crença traz para a organização (líderes e liderados) a curto, médio e longo prazo? Qual o preço de acreditar neste principio?

Se em alguma destas questões ficamos em dúvida ou temos o “não” como resposta precisamos repensar nossas estratégias. E este é o convite. Gostaria de deixar claro que, de maneira alguma, penso que não há nada a ser feito. Aliás, há e muito, pois caso pensasse diferente não atuaria na área de Segurança do Trabalho.

O que desejo com este primeiro artigo é nos fazer pensar para que não coloquemos nossa escada sobre o muro errado.
Fonte:www.comportamento.com.br

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